sexta-feira, setembro 16, 2005

Links

Estranho título para este post. Não, não é a palavra inglesa que utilizamos com frequência em informática e particularmente na net. Links é uma palavra alemã que significa esquerda.

De facto poucos serão os portugueses que sabem o seu significado, do mesmo modo poucos serão também os que sabem o significado de esquerda.

José Socrates no início do seu mandato de Primeiro-Ministro proferiu solenemente num discurso na Assembleia da República, que o país não poderia suportar por mais tempo que os ricos pagassem menos impostos do que os pobres e que para isso era preciso tonar medidas corajosas para combater a fraude e evasão fiscal, com medidas como o levantamento do sigilo bancário, medida há muito tempo reclamada pela esquerda, incluindo o partido que apoia Sócrates. Ora alguns meses depois o mesmo Sócrates e o mesmo partido vêm negar esta evidência e dar o dito por não dito.

O levantamento ao sigilo bancário não é nenhuma medida exclusiva da esquerda, pois muitos países Europeus e mesmo os Estados Unidos, a usam com sucesso para combater a fraude e evasão fiscal. Também não é nenhuma medida que sirva para um qualquer reality show televisivo ou para gáudio de imprensa de mexericos portuguesa.

Na minha profissão (ensino) vejo com frequência pessoas com evidentes sinais exteriores de riqueza a receber subsídios do Estado para terem os seus filhos a estudar e muitas vezes outros que até poderiam, ou deveriam, necessitar desses mesmos subsídios a não usufruirem de um único cêntimo do Estado.

Digam lá se não devemos ter o direito à indignação e à revolta contra este estado de coisas. Como diria o nosso saudoso Salgueiro Maia, temos os Estados de direita, os Estados de esquerda e o estado a que isto chegou...

O País está entregue à demagogia quer com os actuais quer com os anteriores governantes as palavras valem conforme as circunstâncias e as ambições e demagogia política de cada um, isto é, não valem nada.

Poucos saberiam que links, em alemão, significa esquerda, como muitos também parecem continuar a não compreender o significado político da palavra esquerda, provavelmente não só os portugueses.


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sábado, setembro 03, 2005

Azar ter Nascido

Como é habitual todas as manhãs vou tomar um cafezinho a uma bomba de gasolina perto da minha casa e aproveito para lançar os olhos aos jornais e revistas que estão expostos mesmo em fente ao lugar onde tomo o meu café.

Um destes dias contava um jornal de referência dos mexericos da nossa praça, mais concretamente o "24 Horas", que tinha havida um desaguisado entre "actores" da novela "Morangos com Açucar". Um dos actores, ou intervenientes, não cheguei a perceber porque só li a capa, tinha acusado outro de atitudes racistas.

No dia seguinte na mesma primeira página do mesmo "órgão" de comunicação social e igualmente na primeira página, o acusado defende-se "inteligentemente" diga-se, que não é racista, o outro é que tinha tido o azar de ter nascido preto.

Fiquei estupefacto, ou talvez não, com tanta estupidez e admirado como é que a vulgaridade é notícia de primeira página de um órgão de informação, cujos profissionais podem ser tudo menos jornalistas.

O racismo é um fenómeno que, por vergonha, poucos admitem, sem contudo se aperceberem que nas suas mais banais atitudes o preconceito e a discriminação vem facilmente à tona de água. É certo que o racismo não é exclusivo dos brancos, é certo que discriminar positivamente é também uma atitude racista é, sobretudo mais que certo que ser anti-racista não passa por afirmá-lo, mas sim por sê-lo efectivamente em todas as atitudes.

O racismo é tão estúpido , pois se qualquer pessoa sabe que não vai marginalizar A ou B por usar um relógio de uma determinada marca, por medir mais ou menos do que 1,80 m, por usar sapatos altos, ou sapatos rasos, por ver telenovelas ou gostar de futebol, etc., porque é que se há-de discriminar por ter a pele branca, preta, amarela ou vermelha?

Para quem foi buscar ao baú das frases feitas da estupidez humana tal argumentação só me resta afirmar no mesmo sentido e utilizando uma frase simples e curta que possa ser facilmente assimilada por alguém cuja inteligência deve ter ficado no útero da mãe: azar ter nascido meu caro "actor".


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