domingo, dezembro 28, 2003

CICLO MANUEL BANDEIRA (1886-1968) - III

Este poema foi retirado do seu livro "Carnaval", o qual me parece vir a propósito deste final de ano.


BACANAL

Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doido assomo...
Evoé Momo!

Lancem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vénus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... O vinho que é meu fraco!...
Evoé Baco!

O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vénus!

(1918)


|