CICLO MANUEL BANDEIRA (1886-1968) - III
Este poema foi retirado do seu livro "Carnaval", o qual me parece vir a propósito deste final de ano.
BACANAL
Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!
Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doido assomo...
Evoé Momo!
Lancem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vénus!
Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... O vinho que é meu fraco!...
Evoé Baco!
O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!
A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vénus!
(1918)
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