segunda-feira, dezembro 22, 2003

SEM ABRIGO

Num dos noticiários televisivos de hoje deu uma reportagem sobre os sem abrigo. Estava distraído a ler o jornal quando uma voz serena me despertou e obrigou-me a prestar atenção.

Tratava-se de uma instituição de solidariedade social que, nesta época natalícia, tentava fazer chegar algum confortos aos sem abrigo da cidade do Porto. Entretanto alguns dos visados vão dando a sua opinião para as câmaras. Um deles, o que me despertou, diz: "Não sou um marginal, mas sim um marginalizado. Tenho 54 anos e dizem que já não sirvo para a vida activa, mas eu sei que sim, que ainda sou muito válido, mas ninguém me dá emprego. Estou aqui, mas tento viver com dignidade."

De facto aquele homem de rosto simpático deu-nos a todos uma lição de humanidade e de dignidade. O que ele pretendia não era uma qualquer esmola, mas afirmar a sua indignação perante a indiferença dos outros (sobretudo daqueles que dão mais importância à morte da princesa Diana, aos amores do Carlos Cruz, ou às festas da Lili Caneças, do que às suas próprias vidas) esses ao contrário daquele não merecem o nosso respeito.

O meu obrigado a esse sem abrigo que hoje me deu, nos deu, uma lição de dignidade. Como já alguém disse não me dêm o peixe, ensinem-me a pescar.

Ajudem dignamente os sem abrigo comprando regularmente a excelente revista CAIS e já agora não passem ao lado deles, comprimentem-nos, falem com eles, nem imaginam as lições de vida de humildade, de orgulh, de independência que poderão colher de muitos deles.

Pelo direito à dignidade!


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