sábado, julho 10, 2004

TATUAGENS


Que as tatuagens já existiam há milhares de anos, não é novidade nenhuma. A dúvida está na sua paternidade e das duas uma: ou esta arte nasceu uma única vez, espalhando-se depois pelo mundo inteiro, ou nasceu mais do que uma vez, filha de vários pais em todos os continentes.

Uma coisa é certa: as primeiras tatuagens de que se tem conhecimento têm origem no antigo Egipto (estão datadas de entre 4000 a 2000 A.C.). Corpos (múmias) encontrados em escavações já exibiam tatuagens, mas parece que esta arte estava apenas restringida às mulheres. Acredita-se que as raparigas eram tatuadas numa espécie de ritual de iniciação à idade adulta.

Não se sabe muito bem se esta arte se expandiu desde essa altura (ou mesmo antes) para outros países e continentes, mas a verdade é que as tatuagens foram surgindo um pouco pelo mundo todo. No Japão, por exemplo, a tatuagem tem uma longa tradição. Os Horis, mestres da arte de tatuar, eram considerados exímios desenhadores, cujos trabalhos primavam pela técnica, cor e beleza.

Na antiguidade, exibir tatuagens era um privilégio das culturas elitistas. Vários estudos mostram que, após o contacto com os japoneses, a realeza passou a incorporar esta forma de arte na sua cultura e, às vezes, até no seu próprio corpo. A tatuagem passou a ser utilizado como um símbolo de status.

Provavelmente não acreditarias se te dissessem que pessoas tão importantes como o Rei Jorge V, o Rei Óscar da Suécia, a mãe de Sir Winston Churchill, entre outros nomes sonantes, tinham tatuagens. É que, na altura fazer uma tatuagem era muito dispendioso e não era qualquer pessoa que tinha possibilidades para isso. Já se sabe como é... os ricos acharam que seria algo que os distanciaria (ainda mais) dos pobres. Uma espécie de símbolo de riqueza.

Com as várias tranformações da tecnologia e consequente introdução dos instrumentos eléctricos, o custo das tatuagens baixou, tornando-se mais acessível ao comum dos mortais. Assim que esta arte deixou de ser apenas para as elites, estas perderam o interesse e a atracção que antes sentiam.

Esta passagem de arte de elite para arte "comum" é provavelmente o que provoca a ligação das tatuagens às baixas classes da sociedade. E realmente, se pensares bem, chegas rapidamente à conclusão que essa associação ainda é muito forte.

Alturas houve em que ter uma tatuagem era mesmo significado de marginalidade: os bad boys e girls que mostravam sem pudor os desenhos marcados no corpo eram catalogados de "anormais", de anti-sociais. E até os militares, que durante a guerra do Ultramar exibiam orgulhosos as suas tatuagens de Amor de Mãe, passaram a tapá-las para não correrem o risco de exclusão social.

Hoje em dia a aceitação das tatuagens, apesar de não agradar a todos, já não é tão escandalosa. E isso deve-se a uma mudança gradual dos valores.

Os hippies dos anos 60, muitos deles agora em posições de decisão importantes (no governo, por exemplo) contibuiram muito para que as tatuagens fossem vistas de forma diferente. A sua cultura trouxe uma nova perspectiva à forma como as pessoas se viam, não só a elas próprias, como aos outros. Esses valores mais "descontraídos", menos rígidos, ajudaram a aceitar várias formas de arte.

Os últimos 10 anos, com todas as suas transformações, foram definitivamente os maiores aliados das tatuagens. Os tempos em , em Nova Iorque, se marcava o corpo com uma caneta de esculpir eléctrica modificada, já passaram. Desde a higiene até às melhores formas de tatuar com menor dor possível, de tudo se tem feito para que, agora, possas exibir a tatuagem dos teus sonhos. Só há um senão: se fores menor, terás de pedir autorização por escrito aos teus pais...


texto do site heróis da resistência


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