sexta-feira, janeiro 30, 2004

O QUE NOS SUGERE O GOVERNO


Não gosto de meter todos no mesmo saco, mas até parece que alguns dos nossos políticos querem transformar-se em dirigentes desportivos.

Destaco aqui a forma como a Ministra Celeste Cardona se comportou relativamente à situação dos 600 trabalhadores do Ministério da Justiça. Em vez de reconhecer que errou, mas que perante o impasse achou por bem proceder deste modo, mesmo sabendo que tinha cometido uma ilegalidade, porque estavam em causa os postos de trabalho de 600 trabalhadores essenciais, não, considerou que a melhor defesa é o ataque.

Pergunto: como é que 600 trabalhadores considerados essenciais podem estar como eventuais durante mais de um ano? Não será porque tudo aquilo que se critica na função pública, e bem, como o excesso de burocracia, parte dos próprios responsáveis pela administração pública?

Mas não, à senhora Ministra só faltou pedir que lhe erigissem uma estátua porque salvou 600 postos de trabalho, isto apesar destes trabalhadores estarem indevidamente numa situação precária, com salários inferiores aos restantes efectivos, que desempenham as mesmas funções, e de lhes serem, consciente e ilegalmente retidos na fonte os seus descontos para a Segurança Social.

Que exemplo se dá aos empresários que fazem a mesma coisa? Bem sei que estes, na maioria dos casos, o usam em proveito próprio, o que aparentemente não é o caso.

Porque é que a Ministra só falou depois desta situação ser do domínio público? Não seria muito mais digno ter explicado imediatamente aos trabalhadores a situação?

De facto as leis neste país são sugestões e não obrigações, como muito bem disse o Presidente da República, embora de uma forma menos feliz, mas de forma sentida e emotiva de quem não vê outra forma de intervir a não ser a palavra.

Por situações análogas foram condenados autarcas, porque é que não pode ser um Ministro?


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