terça-feira, junho 15, 2004

SONHOS


Creio que sou desde sempre uma sonhadora,
Que por muitos anos mutilou seus próprios sonhos.
E eles eram tantos...
Sonhados de dia e de noite.
Sonhos dourados, extraordinários e solitários.
(Nunca encontrei alguém com quem realmente
compartilhar sonhos)
Jamais gostei de vôos rasantes,
Prefiro-os majestosos.
Não gosto de sonhos sem graça...
Prefiro-os raros, de conquistas insuspeitáveis,
Coloridos e requintados.

Isso implica em altos riscos
E, possivelmente, a contraparte, que pede pela segurança,
Tenha sido responsável pela minha entrada
No mundo em preto e branco da realidade marcada pelo medo.

Medo de que os sonhos invadissem todos os espaços,
Medo de submergir no mundo fantástico dos meus desejos.
Tão frágil me sentia diante do fascínio dos meus devaneios,
Que me tornei escrava dos sonhos que sonhavam para mim.

Descobri, no meu próprio tempo,
Que era uma estrangeira no meu próprio mundo
E que viver ou morrer era uma questão de escolha.
Eu estava morrendo e escolhi viver.
Escrever meu próprio roteiro, ser protagonista do meu destino,
E jamais voltar a ser coadjuvante na história da minha vida.

Houve momentos em que senti
Que meus sonhos estavam me corroendo lentamente.
Que estava perdendo tudo por eles e, mesmo assim,
Amei cada segundo do sonho que o meu coração sonhou.
( Do que é capaz uma alma apaixonada!)

Olhei para meus sonhos insustentáveis e pensei:
"Sou uma tola sonhadora que acredita nos próprios sonhos".
E um dia disse à mulher-criança-injuriada-com-seus-descaminhos:
"Os sonhos são importantes desde que não tomem o lugar da própria vida"

Aprendi que posso sonhar
E não deixar a vida escapar por entre os dedos.
Que o "impossível" dura o tempo
De tornarmos o sonho "realidade".

Penso que quando um sonho morre,
O sonhador morre um pouquinho.
Mas prefiro recolher os restos de um sonho destruído
Do que jamais ter sonhado.
( Ainda não perdi a esperança de encontrar alguém com quem compartilhar sonhos)


Flori Jane


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