sexta-feira, julho 16, 2004

Canto do Amor

  
Sou o olhar de quem ama e o vinho do espírito,
E o alimento de que se nutre o coração.
Sou uma rosa. Meu coração abre-se ao amanhecer
 E a virgem me beija e me coloca
Sobre o seio.
 
Sou a casa da verdadeira fortuna,
A origem do prazer e o começo
Da paz e da tranquilidade.
Sou o sorriso gentil nos lábios da beleza.
Quando os jovens me alcançam, esquecem as canseiras,
E a vida passa a ser uma realidade de doces sonhos.
 
Sou o entusiasmo do poeta,
A revelação do artista
E a inspiração do músico.
 
Sou um santuário sagrado no coração
De uma criança adorada por sua mãe compasiva.
Apareço a um grito do coração; evito as exigências
Minha plenitude segue o desejo do coração
E foge do direito vazio da voz.
 
Apareci a Adão por intermédio de Eva
E ele foi exilado;
Mas me revelei a Salomão e ele
Hauriu sabedoria com minha presença.
 
Sorri para Helena e ela destruiu Tróia;
Mas coroei Cleópatra e a paz
Dominou todo o vale do Nilo.
 
Sou como as idades - construo hoje
E destruo amanhã,
Sou como um Deus, que cria e arruína.
 
Kahlil  Gibran
 


|