quarta-feira, novembro 26, 2003

ESTÁDIO DO DRAGÃO - II



Agora que já passaram alguns dias sobre a inauguração do Estádio do Dragão já posso falar um pouco mais desapaixonadamente desse evento.

O Estádio do Dragão é belo, confortável e funcional. É, de facto, um excelente estádio. No entanto algumas coisas não correram tão bem quanto desejava. Umas vezes por falta de organização, outras por falta de educação. Umas e outras deverão ser corrigidas. Por ordem cronológica cá vão elas:

1. Alguma desorganização nas entradas atendendo a que se previa que 50.000 pessoas se concentrassem para entrar num estádio novo ao mesmo tempo;

2. Compreende-se que não fosse permitido levar alimentos para o interior do estádio, mas no mí­nimo devia ter sido dado antecipadamente conhecimento desse facto, pois as pessoas estavam habituadas às Antas onde isso não acontecia. Mais grave foi a forma como os stewards confiscaram as sandes atirando os sacos para o chão Desperdí­cio inqualificá¡vel;

3. No interior faltaram recipintes para o lixo em número suficiente;

4. Claro que tanta gente tantas horas no interior do estádio e a falta de previsão dos bares concessionados teve como consequência que a comida de esgotou rapidamente;

5. Palavras de ordem gritadas pelas claques, ainda a festa não tinha começado, dirigidas ao rival SLB, sobretudo em dia de festa, mas desta vez a assistência brindou as claques com uma monumental vaia e a coisa ficou por aí;

6. Antes do iní­cio do espectáculo foram transmitidos, nos ecrãs gigantes, pretensas rábulas humorísticas, pelo menos uma delas de grande mau gosto. Quando um "entrevistador" pedia a dois "portistas" que completassem frases, uma delas era, dizia o primeiro, "Só quero ver...", felizmente que os "adeptos" não sabiam a resposta, mas os "entrevistador" acusou-os de mau "portismo". Há coisas que se admitem como brincadeiras de amigos, mas que não podem, nem devem, ser veiculadas por uma instituição idónea. Hoje os adeptos do FC Porto não se resumem aos habitantes do Porto ou do norte e há cada vez mais portistas por todo o paí­s, incluindo Lisboa, ora como é evidente um adepto portista de Lisboa não gostará de ver, e com razão, a sua cidade enxovalhada. Isto foi colocarem-se ao ní­vel do senhor Scolari do "graças a Deus";

7. O espectáculo teve alguma falta de ritmo e algumas das situações que se pretendiam criar falharam por falta de coordenação do artista com os luminotécnicos;

8. O Jogo foi fraquinho, mas aqui também ninguém esperava que fosse de maneira diferente, valeu pela revelação do jovem jogador Hugo Almeida.

Algumas das situações descritas são de fácil resolução e vão, concerteza, ser corrigidas, outras são problemas culturais e de mentalidade, que serão mais difíceis de corrigir, mas se os adeptos reagirem no futuro como reagiram à  situação, atrás descrita, criada pelas claques, ou outras do género, como por exemplo atitudes racistas, então de certeza que estaremos no bom caminho e o FCP será maior.

A beleza é para ser admirada e usada, não para ser conspurcada.

Estas críticas não são exclusivas ao FCP, pois, como sabemos, diária e subrepticiamente estas anomalias vão surgindos de todos os quadrante, mas só uns pagam as favas. Seria melhor que a par da emoção se verificasse mais fair play.

Por um FCP diferente e cada vez maior!


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