terça-feira, abril 20, 2004

A OPOSIÇÃO AO REGIME



Após o Golpe de Estado do 28 de Maio de 1926, os direitos cívicos e políticos e sindicais dos Portugueses foram restringidos. O novo regime, primeiro a Ditadura Militar e depois da aprovação da constituição de 1933, o Estado Novo, é um regime de base corporativista, autoritário, pessoal, ditatorial e anti-parlamentar.

Todos os partidos políticos democráticos da 1.ª República vão gradualmente desaparecendo e não se organizam clandestinamente para combater a ditadura de forma organizada.

Neste contexto um único partido político recusa baixar os braços e ceder à ditadura salazarista. É ele o Partido Comunista Português. Goste-se ao não do PCP, e eu não gosto, a verdade é que foi o único que manteve a luta contra o fascismo de uma forma sistemática e organizada, pelo menos até aos anos 60, e que por isso os seus militantes sofreram, na carne o resultado da sua obstinada e, muitas vezes heróica (não tenhamos medo das palavras) luta contra a ditadura, resistência. Não há um único anti-fascista, por mais anti-PCP que seja, que não se veja obrigado a reconhecer o papel importante que este partido desempenhou na luta contra o regime fascista.

Fora do quadro do PCP a oposição aje de forma desconexa e inconsequente, sem capacidade de mobilização e polvilhada de pequenos líderes que não conseguem criar uma unidade na luta anti-fascista. Era uma oposição composta por pequeno-burgueses e intelectuais que muitas vezes se limitaram a fazer oposição nos seus gabinetes, com muitas e honrosas excepções.

Salvo duas ou três excepções, a oposição não consegue encontrar plataformas comuns para lutar contra o salazarismo, das quais destaco, após a II Guerra Mundial e a aparente abertura do regime, a criação do MUD (Movimento de Unidade Democrática), o MUD Juvenil, e a candidatura do general Norton de Matos às presidenciais de 1948. Mais tarde o grande movimento de união, com muito forte apoio popular, em torno da candidatura do general Humberto Delgado. Em qualquer do casos essa unidade desvaneceu-se. Primeiro com a ilegalização do MUD (1945-1948), embora o MUD Juvenil permanecesse activo até 1957; no segundo caso após a fraude eleitoral e a anunciada vitória do candidato da situação, almirante Américo Tomás, seguiu-se o exílio do general Humberto Delgado, que tentou ainda organizar uma ampla frente da oposição, sem sucesso diga-se, até ao seu assassinato pela PIDE, em 1965.

Só após o 25 de Abril de 1974 os antifascistas voltaram a estar unidos por breve período de tempo.

A falta de unidade na acção, e o facto de somente um partido estar organizado clandestinamente contra o regime, facilitou a tarefa de Salazar e perpetuou o regime no poder durante longos 48 anos.

Nos anos 60 a situação iria alterar-se graças às cisões na internacional comunista, que iria permitir que surgissem novos partidos, de inspiração guevarista ou delgadista, mas também maoísta e trotskista, sobretudo de base estudantil com novas propostas de luta. Surgem também partidos ou organizações políticas, que vêm como única alternativa para o derrube do regime a acção armada.


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