segunda-feira, abril 25, 2005

25 de Abril

Para quê inventar palavras quando elas já estão todos inventadas. Para quê inventar um quadro quando as telas já estão todas pintadas.

Até hoje não encontrei mais niguém, para além de Sophia de Mello Breyner Andresen, que conseguisse sintetizar em tão poucas palavras aquela, que para nós Portugueses, é a manhã de todas as utopias. Nem um quadro que conseguisse transmitir com tamanha intensidade a alegria de um povo pelo derrube da ditadura como os de Vieira da Silva.

Fica aqui a homenagem ao 25 de Abril e às mulheres através da palavra de Sophia e da cor de Vieira da Silva:


25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen



25 de Abril, por Vieira da Silva




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terça-feira, abril 19, 2005

Gueto de Varsóvia

Nesta mesma data, mas em 1943, os Judeus do Gueto de Varsóvia deram início à primeira revolta massiva contra a ocupação Nazi.


Rendição dos sobreviventes da
Revolta do Gueto de Varsóvia

Devido às condições de vida a que estavam sujeitos, a população do gueto, durante os três anos da sua existência, diminuiu de 380.000 para 70.000 habitantes.

Depois da chacina praticada pelos Nazis os sobreviventes foram conduzidos para campos de concentração, em especial Treblinka, onde a maioria morreu gaseada.

Era a solução final do problema judaico para os nazis alemães.


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quinta-feira, abril 14, 2005

Casa da Música

Finalmente a Casa da Música do Porto abre as suas portas ao público, quatro anos depois do "Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura", com dois excelentes concertos: Clã e Lou Reed.

A Casa da Música não é uma obra consensual, bem pelo contrário, é uma obra megalómana e envolta em polémica, desde o seu projecto até à sua inauguração e que irá prolongar-se pelo futuro próximo.

Pelo facto de ser uma obra megalómana, pois desde a construção do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, que não se construiu uma obra destinada a servir a cultura de tal envergadura em Portugal, é mau se encararmos que o dinheiro dispendido (seis vezes mais do que o inicialmente calculado e que já era muito dinheiro) foi demasiado, mas se os portuenses e os portugueses souberem tirar proveito deste grandioso investimento cultural, a médio prazo transformar-se-á numa mais valia para a cidade e para o país.


Casa da Música do Porto
(Abertura ao público em 14 de Abril de 2005) Posted by Hello

Quanto à polémica podemos encará-la sobre várias perspectivas. Neste artigo vou abordar a perspectiva estética e arquitectónica, mesmo não conhecendo ainda o edifício por dentro. Repugnam-me um pouco as obras que geram consenso, pois estas são obras feitas para agradar a um público contemporâneo, muitas vezes com uma má preparação cultural e, por isso, mais imediatista. Todas as obras que foram consideradas consensuais no seu tempo perderam valor com o passar dos anos, só aquelas que, goste-se ou não, romperam com a tradição e introduzem novidade e modernidade se tornam imortais e ajudaram a transformar os meios em que se encontram inseridas, melhorando a qualidade arquitectónica envolvente e a qualidade de vida. Só por isto a Casa da Música já está a cumprir o seu papel em relação ao futuro arquitectónico da zona da cidade onde foi implantada.

O problema não está na Casa da Música em si, mas naquilo que se projecta fazer no local nos tempos mais próximos, o que demonstra que a sociedade política e económica e também a sociedade civil em geral, não percebeu a grandeza do projecto e se prepara para cometer erros urbanísticos na zona que ficarão caros a gerações futuras que terão de, mais tarde ou mais cedo, corrigir os atentados urbanísticos que se preparam para o local.

Muita da polémica que se vive em torno da Casa da Música não diz respeito ao projecto em si, mas sim aos conflitos políticos gerados por dois dos piores Presidentes de Câmara que o Porto tem tido nas últimas décadas, Nuno Cardoso e Rui Rio, cada qual com as suas idiossincrasias, que ajudaram a afundar a cidade quer do ponto de vista cultural, quer do ponto de vista de afirmação política e económica no país. Se ao primeiro podemos associar um bairrismo parolo, ao segundo podemos associar um pseudo universalismo de bolso e a ambos a mediocridade.

A Casa da Música está aí, com os seus defeitos e virtudes. Cabe-nos a nós, portuenses em particular e aos portugueses em geral, exigir que esta cumpra a missão para que foi construída, isto é, uma casa de todas as músicas sem elitismos e com ecletismo. E já agora, aproveitando um comentário aqui posto e como no artigo não ficou devidamente explícito, que seja gerida pelos artistas e não pelos políticos.


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segunda-feira, abril 11, 2005

Avivar a Memória

Graças a um pequeno folheto da AJA (Associação José Afonso), o qual me facilitou a recolha de dados, apresento-vos aqui uma pequena cronologia sobre alguns dos principais acontecimentos decorrentes entre a instauração da ditadura militar em 28 de Maio de 1926 e a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) e a eleição de Mário Soares para a Presidência da República, acontecimentos de 1986, passando pelo estado Novo e a revolução do 25 de Abril de 1974.

São 60 anos de História de Portugal de uma forma sucinta e que paralelamente nos mostra alguns acontecimentos ocorridos a nível mundial para que possamos compreender melhor as alterações que se vão dando, não só em Portugal, mas também no Mundo.

1926

Revolução militar de 28 de Maio.
Imposição da censura prévia à imprensa.
Dissolução do Congresso da República.
Extinção do Ensino Primário Superior (criado em 1919).
Promulgação das "Bases Orgânicas da Administração Ultramarina".

1928

Salazar na pasta das Finanças (até 1940).
General Carmona assume a presidência da República.

1929

Salazar acumula os Ministérios das Finanças, Colónias e Interior.
Greves em vários pontos do país.

1930

Criação da PVDE (Polícia da Vigilância e Defesa do Estado). Criação da União Nacional.
Acto Colonial.

1931

Revolta da Madeira.
Espanha: implantação da República.

1932

Salazar assume a presidência do governo.

1933

Promulgação da nova Constituição Política.
Criação do SPN (Secretariado da Propaganda Nacional).
Promulgação da Carta Orgânica do Império Colonial Português e da Reforma Administrativa Ultramarina.
Alemanha: Hitler nomeado chanceler do Reich.

1934

Greve geral insurrecional (18.Jan.).
General Carmona reeleito Presidente da República.
I Congresso da União Nacional. Proibição de todos os partidos políticos e organizações secretas.
Expulsão de 33 professores universitários.
I Exposição Colonial Portuguesa (Porto).

1935

Tentativa falhada de golpe contra a ditadura militar. Criação da FNAT (Federação Nacional para a Alegria no Trabalho).

1936

Criação da colónia penal do Tarrafal. Criação da Mocidade Portuguesa e da Legião Portuguesa.
Criação da Junta Nacional de Educação.
Espanha: a Frente Popular vence as eleições.
Início da Guerra Civil (até 1939).

1937

Atentado à bomba contra Salazar.
Revolta dos Marinheiros.
I Exposição Histórica da Ocupação Portuguesa no Mundo.
I Congresso da História da Expansão Portuguesa no Mundo.
Espanha: bombardeamento de Guernica (26.Abr.).

1939

Tratado de Não Agressão e Amizade entre Portugal e Espanha:
Início da 2ª Guerra Mundial.

1940

Salazar deixa a pasta das Finanças.
Comemorações do Duplo Centenário da Fundação e Restauração da Nacionalidade
(Lisboa: Exposição do Mundo Português).

1942

General Carmona reeleito Presidente da República (candidato único).
Encontro Salazar - Franco: "Bloco Ibérico".
Proibidas todas as formas de associação nos ensinos primário, liceal e técnico-profissional que não estejam no âmbito da Mocidade Portuguesa.
Timor é invadido pelo Japão.

1943

Criação do MUNAF (Movimento da Unidade Nacional Anti-Fascista).
Greves na zona industrial de Lisboa.
Nos Açores são cedidas bases militares aos EUA e à Inglaterra.

1944

Salazar deixa a pasta da guerra.
Marcelo Caetano, Ministro das Colónias (até 1947).
II Congresso da União Nacional.
Criação do SNI (Secretariado Nacional de Informação) em substituição do SPN (Secretariado de Propaganda Nacional).
França: desembarque dos Aliados (Jun.); Libertação de Paris (Ago.).

1945

Primeira Revisão Constitucional.
Reorganização da Pide.
Fundação do MUD (Movimento de Unidade Democrática).
Fundação da Casa dos Estudantes do Império.
Fim da segunda guerra mundial. Suicídio de Hitler. Execução de Mussolini.
Fundação da ONU.
Primeira bomba atómica lançada sobre Hiroshima.

1946

Revolta da Mealhada.
Fundação do MUD Juvenil.

1947

Salazar deixa a pasta dos Negócios Estrangeiros.
Tentativa revolucionária militar.
Repressão no Ensino Superior: demitidos professores; prisão de F. Salgado Zenha, estudante em Coimbra.

1949

Eleições para a Presidência da República: campanha do General Norton de Matos; reeleição do General Carmona.

1950

O Ministério das Colónias passa a designar-se Ministério do Ultramar.
Constituição da Comissão Nacional para a Defesa da Paz.

1951

Morre o General Carmona.
Eleições para a Presidência da República: eleito o General Craveiro Lopes; a candidatura da Oposição, do Professor Rui Luis Gomes, é recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça.

1953

Primeiro Plano de Fomento.
Dissolução da Associação de Estudantes de Medicina de Lisboa.
Revolta da população negra de S. Tomé.

1955

Prisão de mais de uma centena de membros do MUD Juvenil.

1956

Milhares de estudantes universitários de Coimbra, Lisboa e Porto manifestam-se contra a lei que visa a liquidação das associações de estudantes.
Constituição do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).
Surge o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).

1957

Concentração de estudantes universitários junto à Assembleia Nacional quando da aprovação da lei que visa a liquidação das Associações de Estudantes.

1958

Campanha do General Humberto Delgado para a Presidência da República, que congrega toda a Oposição.

1959

Petição nacional para a demissão de Salazar: são recolhidas milhares de assinaturas.
Vaga de prisões em todo o país.
Cuba: revolução liderada por Fidel Castro.

1961

Assalto ao Sta. Maria.
Salazar assume a pasta da defesa.
Início da guerra colonial em Angola.
Manifestações exigindo o fim da guerra colonial e a demissão de Salazar.
O escultor José Dias Coelho é assassinado pela Pide.

1962

Tentativa insurrecional anti-fascista no quartel de Beja.
Importantes manifestações no Porto, Lisboa, Almada e Barreiro.
Vaga de lutas estudantis em Coimbra. Greve dos estudantes das 3 universidades do país. Assalto à sede da Associação Académica de Coimbra. Prisão de 1500 estudantes e professores.
Surge a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), da fusão de 3 movimentos de libertação.

1963

Grande jornada de luta em Lisboa.
Início da guerra colonial na Guiné.

1964

Greve de 10 mil pescadores no Algarve.

1965

O General Humberto Delgado é assassinado pela Pide.

1967

Fundação da LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária).

1968

Marcelo Caetano sucede a Salazar.
Manifestações estudantis no Porto e em Lisboa contra a guerra do Vietname.
Manifestação estudantil em Lisboa contra a guerra colonial. A Pide encerra o Instituto Superior Técnico. Em Lisboa os estudantes decretam o "luto académico".

1969

Jornada de luta política contra o regime. Grandes manifestações em Lisboa e Porto. Movimentos grevistas. Crise académica.
II Congresso Republicano em Aveiro.
Criação da CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática).
EUA: grandes manifestações pela retirada do Vietname.
Primeira viagem do homem à Lua.

1970

Morre Salazar.
Manifestações de jovens em Lisboa contra a guerra colonial.
Criação da Inter-Sindical.
Várias operações da ARA (Acção Revolucionária Armada).
Chile: Salvador Allende é eleito Presidente da República pelas forças democráticas.

1971

Movimentos grevistas.
Lutas e greves estudantis.

1972

Importantes lutas e manifestações estudantis.
Início da campanha por uma amnistia geral.

1973

Manifestações e greves a nível nacional. Eleições para a Assembleia Nacional.
III Congresso da Oposição Democrática em Aveiro.
Encerramento da Faculdade de Letras de Lisboa depois de vários incidentes em diversas associações de estudantes.
Início do "Movimento dos Capitães" (reunião num monte alentejano perto de Évora).
Amílcar Cabral, dirigente do PAIGC, é assassinado em Conakry.
Massacre de 400 civis em Wiriyamu, Moçambique.
A ONU condena a política africana portuguesa.
Chile: golpe de Estado. O Presidente Salvador Allende é assassinado. Junta militar de Pinochet.

1974

Novo surto grevista abrangendo dezenas de milhar de trabalhadores. Greve geral na Universidade de Lisboa contra a guerra colonial.
Dá-se a Revolução do 25 de Abril.
Criada a Junta de Salvação Nacional.
Libertação dos presos políticos (Caxias e Peniche). Instituida a liberdade de criação dos partidos políticos. General Spínola designado Presidente da República.
A República da Guiné-Bissau é admitida como o 138º membro das Nações Unidas. Assinatura do acordo de Argel: governo português reconhece a independência da Guiné-Bissau. Assinatura dos acordos de Lusaka: é reconhecido o direito de Moçambique à independência e a transferência de poderes para a FRELIMO.

1975

Constituição do Conselho da Revolução.
Eleições para a Assembleia Constituinte.
Início da Reforma Agrária. Ocupação de terras, constituição das primeiras cooperativas e UCP's. Nacionalizações.
Acordo de Alvor: processo e calendário de acesso de Angola à independência. Proclamação da República Popular de Cabo Verde. Proclamação da independência da República de São Tomé e Príncipe. Indonésia invade Timor Leste controlada pela Fretilin.
Espanha: morre o General Franco.

1976

Aprovação da Constituição. Ramalho Eanes eleito Presidente da República.
Primeiras eleições autárquicas.
1º governo constitucional. Mário Soares é escolhido como primeiro-ministro.

1977

Lei Barreto. Lei das indemnizações. Entrega de terras das UCP's a agrários. Congresso de todos os sindicatos. Greve nacional de ensino superior.

1978

Aprovada na Assembleia da República a lei que define e pune organizações de ideologia fascista.
Mário Soares é nomeado primeiro-ministro do II governo constitucional.
Primeira greve nacional da função pública desde 1926.
Início do julgamento do assassínio do general Humberto Delgado.

1979

Dissolução da Assembleia da República.
Manifestações em diversos pontos do país contra a política do governo Mota Pinto. Eleições intercalares.
Lourdes Pintasilgo, primeiro-ministro. Eleições autárquicas.

1980

Ramalho Eanes reeleito Presidente da República. Sá Carneiro, primeiro-ministro.

1982

Aprovada na Assembleia da República a extinção do Conselho da Revolução e a revisão constitucional.
Greve geral de 24 horas promovida pela CGTP contra o pacote laboral (12.Fev.) e em protesto contra a repressão policial (11.Maio).

1983

Dissolução da Assembleia da República. Eleições antecipadas. Mário Soares, primeiro-ministro.

1984

Há 92 mil trabalhadores com salários em atraso, em 600 empresas.

1985

Eleições legislativas e autárquicas. Governo minoritário do PSD, Cavaco Silva, primeiro-ministro.

1986

Portugal e Espanha entram na CEE.
Eleições presidenciais: Mário Soares, Presidente da República.



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quinta-feira, abril 07, 2005

Still Crazy After All These Years

I met my old lover
On the street last night
She seemed so glad to see me
I just smiled
And we talked about some old times
And we drank ourselves some beers
Still crazy after all these years
Still crazy after all these years

I’m not the kind of man
Who tends to socialize
I seem to lean on
Old familiar ways
And I ain’t no fool for love songs
That whisper in my ears
Still crazy after all these years
Still crazy after all these years

Four in the morning
Crapped out
Yawning
Longing my life away
I’ll never worry
Why should I?
It’s all gonna fade

Now I sit by my window
And I watch the cars
I fear I’ll do some damage
One fine day
But I would not be convicted
By a jury of my peers
Still Crazy
Still Crazy
Still Crazy after all these years


Paul Simon


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sábado, abril 02, 2005

Citação

Os Governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa.


Émile Zola


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